quinta-feira, 1 de março de 2012

Padre destaca fraternidade como prática do cotidiano




Como acontece todo ano, o Papa Bento XVI enviou uma mensagem para a quaresma, como forma de auxiliar esse momento de preparação para a Páscoa. Neste ano, o foco da mensagem é o estímulo à fraternidade, um convite para que se faça o bem ao próximo.
“A fraternidade é prática, é atitude concreta no cotidiano de nossas vidas. O encontro com o outro me leva ao encontro com Jesus”, foi o que disse padre Ari Antônio dos Reis em entrevista ao noticias.cancaonova.com sobre o tema da mensagem de Bento XVI para a quaresma deste ano. O padre é o atual assessor da Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade, Justiça e Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). 

Padre Ari comentou que a caminhada para o encontro com o próximo é pessoal, mas não individualista, já que o “prestar atenção ao outro” implica um processo de abertura, de busca. De acordo com ele, o obstáculo para que essa proposta se conclua é a presença, na sociedade, de práticas e discursos que “negam o princípio de vida cristã”. Confira abaixo a íntegra da entrevista.

noticias.cancaonova.com -  O que os cristãos podem e devem fazer para vivenciar bem a Quaresma?

Padre Ari Antônio- As diferentes celebrações têm a tarefa de ir delineando este caminho muito rico. A participação nestas celebrações que têm uma índole comunitária e uma proposta de experiência quaresmal pessoal, sem ser individualista/intimista, contribuirá para uma boa caminhada de encontro com o ressuscitado.

noticias.cancaonova.com - Neste ano, a mensagem do Papa para a Quaresma tem como base uma passagem do livro dos Hebreus: “Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras (Heb 10, 24)”. Quais razões podem ter incentivado a mensagem deste ano a abordar este tema? 

Padre Ari Antônio - O Papa tem uma visão teológica profunda, mas uma teologia com a tarefa de iluminar o caminhar da humanidade A afirmação proposta tirada do Livro de Hebreus parte do fundamento do cristianismo que é o comunitário. Contudo, não é um princípio comunitário desprovido de responsabilidade, mas um caminho de encontro com outro marcado pelo mútuo enriquecimento.  A caminhada quaresmal terá esta marca. Então será uma caminhada pessoal, mas não individualista, pois o “prestar atenção no outro” implicará na abertura, na busca, na disposição à conversão que chegará através desta disposição.  

noticias.cancaonova.com -  De que maneira os cristãos podem colocar em prática o “fazer bem ao próximo” em seu dia-a-dia?

Padre Ari Antônio- A tradição cristã insiste que o caminho para Deus passa pelo próximo, o que compreenderá o exercício da gratuidade e a alteridade, defendidos nas últimas diretrizes da Igreja no Brasil. Estes princípios ajudarão no entendimento de que a prática do bem e a atitude do serviço não são novidades esporádicas na vida do cristão, mas uma constante no seu cotidiano, o que o identifica como discípulo missionário.  O documento de Aparecida fala de organizar a caridade. Temos o desafio de fazer o bem com coerência, organização e consistência. 

noticias.cancaonova.com -  O que impede ou prejudica as pessoas de verem o próximo como um irmão que necessita de cuidados materiais e espirituais?

Padre Ari Antônio- Estamos em constante contato com práticas e discursos que negam o princípio de vida cristã marcada pelo serviço e amor ao próximo. Isto impede o “olhar ao redor” e o “olhar mais longe”. Se olho ao redor, verei que o mundo não se centra no meu “eu”, mas é composto de pessoas que podem me ensinar a amar, a servir. Se olhar “mais longe” verei a necessidade de colocar-me a serviço dos que estão com a vida ameaçada. O encontro com o outro, com o necessitado, me leva ao encontro com Jesus.  

noticias.cancaonova.com - Que tipos de trabalhos a Igreja tem desenvolvido para estimular a fraternidade entre os fiéis?

Padre Ari Antônio- A Campanha da Fraternidade é um caminho eficaz, que  estimula a prática do bem. Chamo a atenção para o resultado da coleta da solidariedade que acontece no domingo de ramos. Por outro lado, a Igreja, através de tantos agentes de pastoral, tem se colocado ao lado dos pobres e excluídos. Encontramos muitas pessoas que investem seu tempo na prática do bem. Estes exemplos precisam ser seguidos e explicitados. A fraternidade é prática, é atitude concreta no cotidiano de nossas vidas. A identidade da Igreja passa pelo serviço aos empobrecidos.

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