segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Apesar do sobrevoo papal, perseguição aos cristãos da China continua



Embora tenha ido à Coreia do Sul, o Papa Francisco transmitiu via rádio uma mensagem a Xi Jinping, líder do Partido Comunista Chinês. “Entrando no espaço aéreo chinês, ofereço as minhas melhores saudações a sua excelência e a todos os seus concidadãos e invoco a bênção divina da paz”.

O fato de que a China tenha permitido que sobrevoasse seu território surpreendeu a todos. A última vez que foi feito um pedido deste tipo, em 1989, Pequim havia recusado. O avião, que também se dirigia à Coreia do Sul durante a viagem de João Paulo II, foi forçado a evitar a China em seu trajeto, fazendo um desvio longo ao norte, pela Sibéria.

Hesitaria em dizer que este gesto seria uma “abertura diplomática à Santa Sé”.

É inquestionável que o Papa Francisco, como os seus predecessores, estejam ansiosos para visitar os 12 milhões ou mais de católicos perseguidos que vivem na China. Na viagem de retorno, Francisco disse claramente aos jornalistas que iria à China “amanhã”, se Pequim aprovasse a sua visita.


Não parece que a eventualidade se possa verificar rapidamente. Por uma série de razões, os líderes chineses parecem ter a intenção de ver o pastor universal distante dos membros do seu rebanho chinês. Eles até impediram que grupos de peregrinos católicos chegassem à Coreia do Sul, quando o Papa esteve lá.

O problema imediato é que a Igreja Católica está atualmente lutando com as medidas restritivas mais rigorosas para o cristianismo que o país já viu nos últimos anos. Na província de Zhejiang, por exemplo, segundo a China Aid, mais de 60 Igrejas foram totalmente ou parcialmente demolidas, inclusive uma Igreja fora da cidade de Wenzhou.

Muitos bispos católicos sofreram prisão domiciliar por terem rejeitado a autoridade da Associação Patriótica (AP), uma organização instituída pelo Partido Comunista que rejeita a autoridade do Papa. O administrador apostólico, Padre Peng Weizhao, está entre os prisioneiros na província sudeste de Jiangxi, desde maio.

O bispo auxiliar de Shanghai, Thaddeus Ma, nos últimos dois anos esteve confinado em um seminário sob vigilância. O seu crime foi ter anunciado publicamente e do púlpito, durante sua Missa de ordenação em 2012, que estava abandonando a AP. A congregação saudou o seu anúncio com aplausos fervorosos, demostrando o quanto os fiéis católicos desprezam a organização.

De um certo ponto de vista, nada mudou. Durante a guerra civil chinesa a Igreja Católica era suspeita sobre os olhos do Partido Comunista Chinês. Isso derivava, em parte, do ateísmo automático do partido e pelo fato de Mao suspeitar que os católicos tivessem a lealdade dividida e estivessem sob “uma influência estrangeira”. Ele expulsou o último núncio apostólico da China em 1951, há mais de 60 anos, com acusações de espionagem. Nos dez anos sucessivos muitos sacerdotes, bispos e leigos foram condenados a longas penas. Pequim estava também irritada pela insistência da Santa Sé em querer manter relações diplomáticas com o inimigo histórico da China, a República Chinesa de Taiwan.

As relações pareciam estar caminhando em recuperação dez anos atrás. O Vaticano tinha esclarecido que estava disponível a passar as relações com Taiwan ao estado consular e a abrir uma embaixada em Pequim. Mesmo se isso ainda precisa acontecer, a oferta do Vaticano parece ter amenizado as tensões.

As duas partes tinham chegado a um acordo tácito sobre um ponto morto fundamental: a nomeação de novos bispos. Com base nos novos acordos, a Associação Patriótica teria nomeado os candidatos ao episcopado, mas estes seriam ordenados somente se o Papa, após a uma verificação dos requisitos dos candidatos, tivesse dado a própria bênção.

Do Site Aleteia

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